segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

sic...

ontem à noite a grande reportagem da sic deixou-me de lágrimas nos olhos...
Não sei se o jornalista que a construiu queria chocar ou somente dar a conhecer a realidade
das crianças que frequentam as instalações do colegio militar, mas a mim chocou-me...
Uma reportagem que se focou num menino de 10 anos que toma a decisão de frequentar essa instituição para deixar uma avó contente e realizar o sonho de um avô falecido. È nobre, mas chocante...Não percebo aquela avó e muito menos aqueles pais. Nunca seria capaz de abdicar da educação de um filho, de o fechar numa instituição de estado, só porque é fino, só por fica bem...
Talvez a mensagem não tenha sido essa que o jornalista queira ter passado, talvez aquela reportagem devesse ter sido cor-de-rosa e todos tivessemos tido de bater palmas...mas deixou-me a pensar, aqueles pais daqui a uns anos estaram preparados para ouvir revolta da boca daquele menino? Espero que sim...
Não sou contra o ensino naquele colegio, não sou! Afinal fui militar, e gostei...
Mas conheço um certo Guilherme, um menino amoroso, bom aluno, e bem comportado... um menino que frequenta esse colegio, que chora ao domingo à noite porque não quer ir, que chora durante a semana porque tem saudades de casa, mas continua lá, porque o pai acha bem, porque o pai acha que ele precisa de disciplina e redea curta, o que me leva a perguntar...
De quem é essa responsabilidade?
Do colegio?
Eu nunca tive num colegio desses, e cresci com essa disciplina, mas acima de tudo com uma educação que me transmitiu valores de familia e amizade dados por um pai e uma mãe excelentes...
Aos pais dos Guilhermes fechados naquele colegio, estejam preparados para quando os vossos filhos crescerem e vos perguntarem porque os mandavam para lá todas as semanas, e pior estejam preparados para o dia que eles pensarem que a resposta era simples...que os senhores delegaram numa instituição a função que era vossa e que se negaram a lhes dar amor todos os dias...
posso estar a ser injusta, se calhar estou, e se assim for peço desculpa...
Mas aproveito para deixar um muito obrigado a um Pai que tive todos os dias comigo...
Obrigado Pai!!!!

9 comentários:

Anónimo disse...

Pelo conhecimento que tenho de instituições escolares em Portugal e no Mundo, não tenho dúvidas nem sequer falsas modéstias em afirmar que o Colégio MIlitar é uma instituição de topo em todo o Mundo, e da qual o país muito se deveria orgulhar.

5 Antigos Presidentes da República, ilustríssimos médicos, juristas, militares, arquitectos, engenheiros, professores, músicos, poetas, políticos, pilotos, centenas de ruas e avenidas com nomes de antigos alunos por todo o Mundo.

É uma instuição com 205 anos de idade mas em constante actualização e pioneira no país, tendo sido a primeira a aplicar o moderno sistema de ensino, servindo de exemplo para todas as suas seguidoras há 2 séculos atrás.

Os seus antigos alunos nutrem pela Casa que os acolheu uma estima e um reconhecimento notáveis, criando entre si laços inabaláveis que perduram por toda uma vida.

E não se pense que o Colégio Militar é só rigidez, exigência, militarismo. A essência do Colégio vai muito para além disso. No Colégio, as crianças são consideradas como tal, pessoas imaturas e em crescimento, a quem é dado espaço para todas as traquinices e aventuras próprias da idade. O Colégio não priva os seus alunos de qualquer experiência própria dos jovens da sua idade. A diferença reside no facto de, desde logo, serem incutidos nos alunos valores e limites que pautarão as suas condutas ao longo das suas vidas.

Mais, o Colégio não substitui, nem nunca o pretendeu,o papel dos pais na educação dos filhos. Um aluno do Colégio vem de casa na 2.ª feira, dorme a 2.ª e a 3.ª no Colégio, na 4.ª vai dormir a casa, dorme no Colégio na 5.ª e na 6ª está novamente em Casa. Isto é um modelo de internato rigoroso em que os pais não têm contacto com os filhos? Quanto tempo por dia passa um pai trabalhador com um filho? Acredito piamente que os pais de um aluno do Colégio Militar, por não estarem com os filhos durante 3 noites de uma semana, aproveitem bem melhor o tempo que com eles passam.

Sou antigo aluno do Colégio e disso estou orgulhoso e eternamente agradecido aos meus pais. Foi uma boa prova de amor.

Mais, apesar de o Colégio ser tradicionalmente a Casa de muitos dos filhos das mais antigas famílias portuguesas, acolhe também filhos de classes médias e médias-baixas, variando o valor da mensalidade em função dos rendimentos dos pais, e existindo um sistema de bolsas que incentivam a frequência daqueles que efectivamente o merecem, não excluíndo alunos por insuficiências económicas. O Colégio orgulha-se de ser elitista à saída, mas não elistista na entrada. É também notório e por demais conhecido que dentro do Colégio não se reflectem as diferenças de origem social ou de raças entre os seus alunos, sendo feita Justiça ao seu lema " UM POR TODOS, TODOS POR UM".

Obrigado, Colégio Militar, por tudo aquilo que és.

Anónimo disse...

Quem define o certo ou o errado? Como podemos ter a certeza que as nossas escolhas são sempre as acertadas? Não tentamos todos (seres humanos e pensantes) fazer sempre pelo melhor? Será que alguém consegue prever o amanhã?
A verdade é que não sou mãe, sou apenas filha, e por muitas vezes achei que as decisões dos meus pais não eram as acertadas, não era isso que eu queria para mim. Afinal quem eram aqueles dois estranhos que me chamavam filha e a quem eu chamava de pai e mãe que tal mal me conheciam?
Certo é que agora, no alto dos meus 32 anos, depois de longas conversas a lareira com a minha mãe e com o devido distanciamento tenho de dar a mão a palmatória...os meus pais sempre tentaram preparar-me para o mundo. Acredito que todas as decisões, as exigências, as incompreensões, não eram porque eles não me conheciam, mas porque conseguiam ver em mim muito mais além do que eu era naquele momento.
Perguntava um sábio qual era o maior acto de egoísmo, se ter filhos ou se não ter?
Talvez não haja resposta a esta pergunta, talvez esta seja mais uma das muitas incógnitas deste mundo.
Não quero acreditar que um pai ou uma mãe não ame o seu filho, recuso-me a acreditar nisso. Desculpa pelo meu utopismo.
Vou finalizar citando uma recente "amiga" minha: aproveito para deixar um muito obrigada a um pai e uma mãe que tive todos os dias comigo (mesmo estando separada deles).
Obrigada pai e mãe por ter feito de mim quem sou hoje.

aline

Anónimo disse...

Eis um episodio que nunca esquecerei..."disciplina! redea curta!"...se ele acha que a boa educação é a fazer crianças terem de esconder os seus sentimentos para mostrar que são fortes, como o menino da reportagem que dizia q tinha vontade de chorar, mas não chorava pq tinha era de aguentar e pronto! ...na minha opinião o que estes "pais dos guilhermes" no fundo querem é ñ ter de dar eles a educação e não se chatearem com reuniões de pais pq os filhos andaram à batatada...lol...não há nada como uma boa escola publica com tudo a que se tem direito, alunos de varias etnias, os rebeldes de 18 anos que ainda andam no 9º e fumam ganzas atras do pavilhão...lol...e sobretudo uns pais em casa que saibam dar educação, e amor!

Mainflower disse...

Pois é amiga...Tb eu fiquei emocionada com a reportagem , que tive pena de não ver toda.Mas sabes que não tendo eu crescido num 'colegio militar' tive uma infancia recheada de regras militaristas e um pai que sempre punha à frente de tudo a vida militar, e não consigo deixar de me identificar com algumas das expressões que usas e igualmente posso asegurar que muitos dos 'papas' que hoje acham piada e que aplaudem de camarote a educaçao a que forçam os filhos nos 'colégios militares', se iram arrepender quando se defrontarem com a ira e a revolta de muitos desses miudos, porque crescer neste pais nao é fácil... e sem a presença de pai e mãe torna as coisas ainda mais complicadas.

redevil disse...

Anonimo, longe de mim por o bom nome desta instituição em causa...respeito-a e o seu lema ainda mais. Visto ter sido militar e me terem sido incutidos valores que em mais lado nenhum o foram.
È sem divida uma formadora de grandes homens, com carreiras profissionais excelentes e laços de amizade para o resto da vida...
Mas continuo a pensar da mesma maneira, e o senhor sabe tão bem como eu que existem crianças que não querem lá estar e o fazem porque são "obrigadas"...pude sentir pelas suas palavras a presença quer da instituição quer da sua familia, mas também sei que existem Guilhermes, assim como o senhor sabe...(mas tb os há em todo o lado, não é?)
Se me perguntar se colocava um filho meu no colegio? Claro que o faria, é uma excelente escola...Mas faria-o se ele me pedisse, se ele quisesse...
Porque para mim e mais importante que todas as hipocrisias deste mundo é a felicidade e a realização pessoal, e essa atinge-se mesmo sem ser presidente da republica, medico, juiz ou ter o nome na parede a dar nome a uma rua...
Peço desculpa se o ofendi e mais agradeço a sua visita e ainda mais o seu comentario, porque apesar do que possa pensar o seu lema também é o meu...
UM POR TODOS E TODOS POR UM!!!!

redevil disse...

Anonimo ou melhor Aline, que gosto mais, pode ser?
Nunca coloquei em causa os sentimentos dos pais daqueles meninos...claro que não o faço,nunca o faria.
O que coloco em causa é os pais que transferem as responsabilidades para os formadores daquele colegio...
Sempre fui rebelde, muito rebelde, sempre pus em causa os ralhetes e as conversas que o meu pai tinha comigo, mas hoje como tu dizes, do alto dos meus 34, só lhe posso agradecer. Porque o que sou hoje foi formado naquelas conversas, naquelas discussões, até naquelas palmadas, mas por ele. Não por um aluno mais velho, ou um professor, ou um militar.
E por isso quis agradecer a um pai que infelizmente já não tenho fisicamente na minha vida, mas terei sempre no meu coração...
Obrigado por teres voltado aqui, e posso pedir uma coisa?
Importaste de tirar as aspas à amiga?
Jinhos e volta sempre...



Sonik, finalmente alguem que consegue entender o que quis dizer..estar naquele dia, naquela reunião de pais foi irreal, não foi?
O que ele diria do menino se ele fosse problematico e fumasse as ganzas que tu falas?
Sabes o que te digo? Venham as tostas mistas...


Mainflower, sabes o que me custa? È saber que existem pais que não se apercebem do mal do que os filhos se estão a sentir, a pensarem que estão a agir correctamente...

wookie disse...

só para realçar que uma excelente reportagem como esta, tem este condão de pôr as pessoas a falar sobre os assuntos por dias e dias, e esta concerteza será uma dessas reportagens.

Anónimo disse...

Não consigo deixar de fazer um comentario.
Todos somos ilustres para aqueles que nos admiram, e quando morremos todos temos o nosso nome gravado numa placa!

redevil disse...

Wookie, é bom jornalismo e boa televisão...e o que resulta a seguir, optimas trocas de ideias.


Sonik, as tostas mistas fizeram-te isso? Se eu soubesse que tinham sido as tostas, havia tostas mistas todos os dias para certas pessoas...